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A Zequinha Novata

  Tô Bão ! 

 Antes tarde do que nunca, seria o normal de se falar e de se escutar. Mas outro dia escutei outra, que me soou muito melhor. Foi o Cláudio Lemos, aquele médico amigo, que muito me ajudou a parar com a mania de pitar pito de palha. Ele disse: "Dá tempo !..." E dá mesmo ! Dá para ver ela formada, casada e até mãe, se o etéreo me ajudar a ficar por aqui mais um tempinho. Mas não estou esquentando com isso, e o importante é ir vivendo, aproveitando o que tem de bom na vida, como o nascimento da nossa Zequinha Novata.

Os amigos já acostumaram com uma história ao final de cada aventura, e cobram a história. Dessa vez, a cobrança mais significativa foi do Paulo, amigo distante como ele mesmo disse, da lista da Rural Willys. Ele escreveu:" Seu site está desatualizado, falta uma história, que começou em 1° de maio e espero que você não veja aqui da terra como ela vai terminar. E que com certeza você verá outra história, quando os dela virão. Esta história que falta em seu site perdurará muitos momentos, muitos dias, muitos anos. Curta toda esta felicidade de ser PAI...Um Abraço de seu Amigo distante..."

Andava meio sem tempo para escrever esta história, ocupado entre o trabalho e o trabalho maior de ficar levando a Rose e a cria para postos de saúde, consultórios e hospitais. Aliás tenho que agradecer ao povo lá do meu trabalho, que tem sido muito bão prá mim, me liberando durante os 4 meses de licença paternidade, sem exigir nada em troca... Quem dera, né ?

Mas fui juntando o que mais interessante aparecia, como por exemplo a tese da Rose que ser mãe é humilhante. Segundo ela, aquele papo de ser mãe é padecer no paraíso é balela, e o parto é um parto. Doe demais, mas faço idéia do tanto, já acostumado com os meus diversos cálculos renais que herdei na genética do meu pai. Um parto !...

Ai Rosilene completa: "... e tem que ficar na posição que Napoleão perdeu a guerra, esperando e tomando apalpada para ver a dilatação, isso com um entra e sai danado de médicos e enfermeiras. Depois, tudo que foi preservado desde mocinha com recato e esmero, vai por água a baixo.  A enfermeira chama o pai, eu no caso, para ver a Zequinha Novata mamando, e isso com a sogra de lado e a mãe envergonhada. Zulma notou, e riu.

Isso até é o de menos, comparado com a tirada das peitancas prá fora dando de mamar enquanto o pai discute com o mudinho guardador de carros que achou um Real pouco e quer é dois. Já notaram que esses mudos costumam falar demais ? E olhem que tenho mais exemplo disso !

Não posso esquecer também é de agradecer ao Tonho Machado, quero dizer, ao Dr. Antônio Machado, obstetra, por sua amizade e a sempre simpatia e perícia. Agradeço à ele o todo tanto que estudou e ainda estuda, pois foi graças à isso e às energias universais que deu tudo certo, apesar de algum contra tempo. Mas depois de tudo passado, e pensando bem, foi é muito divertido todo o aperto. 

Inclusive as reclamações da Rose no caminho, pelos solavancos do carro. Eu tava dirigindo lisinho, sem tranco algum, mas como doia demais, ela reclamava de mim todo o tempo. 

Divertido também foi o Décio, o Dr. Décio, anestesiologista, mas o sinônimo anestesista soa bem melhor à um ouvido fora da classe médica, não é? Ele brincava com a braveza da Rose, que não queria tomar anestesia deitada de jeito algum. Ela brigava com os dois médicos e uma enfermeira, insistindo para tomar a anestesia de pé. Era tomar e cair, e acabou que esta história vai é virar lenda pelos hospitais, pois já ficamos sabendo o Dr. Décio continua contando isso à todo mundo.

Outra diversão foi a escolha do nome da Zequinha Novata, e as brincadeiras com isso. Comecei com Longarina ou Biela, para combinar com a paixão por carros, e confesso que não são nomes tão ruins quanto parecem ser à primeira vista. Ou então um nome de artista, tipo Kim Besinger, Julia Roberts ou Halle Berry. Tá ! Não gosto de nome estrangeiro, então vamos abrasileirar: Ioná Magalhães, Mel Lisboa, Aline Morais... claro com os sobrenomes da Rose e o meu seguindo, prá marcar a propriedade. Ou então um nome composto, tipo: Suellen Christina, Pâmela Carla,  Josephine Kátia, Yasmin Geralda. Tem também a preferência de um nome cheio de letras dobradas e consoantes não usadas no português. Brincadeira ! Não faria nenhuma maldade dessas.

Na verdade, quando eu tinha uns 15, nasceu a filha do Toinzinho Abraão e da Eloísa: Fernanda ! Achei lindo o nome, e disse: Quando tiver uma filha será Fernanda. 

É, o tempo passou, e quando tinha 38, assistindo a Laurinha na televisão, a Laura Lima minha amiga de muito em Carapebus, aquela do Jornal da Alterosa, pensei, já mudando de idéia: "A Laurinha sempre foi tão linda, e o nome completava, lindo, quando tiver uma filha será Laura !... :"

De outra vez, achei engraçada a cara da Rose quando a Catharina Gramicelli, outra amiga, veio aqui em casa no ano passado, com sua neta, a Laura. A Rose olhou para mim, com os olhos esbugalhados na hora que a Tatá falou o nome da neta, como quem diz que era esse o nome que queria. E olhem que naquela data a Rose estava grávida de dias, quinze para ser exato, e eu com certeza absoluta, sentia isso. Mas ela ou não sabia mesmo, ou estava escondendo o fato de mim, pois não contou e até negava. 

Estranho também é que nunca pensei em nome no caso de ter um filho, nem sei porque. Seria premonição ? 

Então veio a decisão: A Rose colocou Marina no meio da lista, e eu Terrina e Montanhina, já que a menina será mineira, das montanhas... Somou-se à lista oficial Lívia, Fernanda e Laura. Na verdade nunca conheci Marina, Lívia, Fernanda ou Laura feias, só bonitas. Também nunca conheci nenhuma Terrina ou Montanhina feia !... 

E no meio de tanto vai e vem ficou Laura. A Rose disse que eu é quem queria, e queria mesmo, desde os 38,  já não disse ? Mas acho que ela também sempre quis, mas nunca tinha dito, de tão rápido ela decidiu por Laura, e já metralhou bordados e feitio de nome para pregar na porta do quarto.

Laura ! Conversando com a Rose, ainda barriguda, perguntei quais as músicas ela conhecia com Laura. Música nacional, né ? Lembrei da Lady Laura, mas sabia que tinha outra que eu não lembrava. Então, numa noite me chega a Rose com um disco, do Altemar Dutra, que tinha Laura nele, em uma gravação de 1964. Esse disco tinha sido emprestado pelo Antônio, lavador de carros próximo ao trabalho da Rose. Ele tinha perguntado qual seria o nome do bebê, e ouvindo Laura como resposta da Rose, trouxe o disco emprestado no outro dia.  Isso ! Era essa música que eu não estava lembrando. Um samba-canção emboleirado, com autoria de Alcir Pires Vermelho e João de Barro, o Braguinha. Tá bão ! Vão me acusar de bairrismo novamente ? Só porque o Altemar Dutra é mineiro de Aimorés, nascido em 1940 ? Mas ele tem um sotaque no jeito de cantar totalmente apaulistado, paulistano, e canta bonito desse jeito.

É ! Eu tenho mesmo mania de render assunto de música nas histórias. E de carro também, afinal essa página foi feita para contar os feitos do Edwaldo e da Faustina, e em alguns deste feitos a Laura já esteve, dentro da barriga da Rose. Mas nem o Edwaldo, nem a Faustina, participaram dessa empreitada de agora. Já levaram noiva, atravessaram rios e brejos, tiraram outros carros de apuros mas também foram tirados dos seus apuros, subiram ladeiras enquiabadas, empoeiradas e com o danado do cascalho roliço solto. 

Quem participou dessa história foi mesmo o Idelgiro, meu Fuscão 1971. Eu fui buscado no hospital, pelo papai, com o Chevrolet 38 do Vô Nazário. Esse não deve nem existir mais, trocado na década de 70 em uma Vemaguet por um tio da FAB, lá em Santa Cruz/RJ. 

Mas não poderia buscar a Laura com qualquer carro, e o mais lógico seria o Fuscão. É ele que é o mais tradicional aqui. Foi comprado zero em 1971 pelo meu pai, eu roubei ele emprestado em 1982, e acabei ganhando de presente, de papel passado e tudo, em 1998. "Se tiver multa com o Fuscão, vai vir na sua carteira, e não na minha", foi o que o papai usou como desculpa, ao me dar o carro de presente.

E ele fez bonito nesse trabalho, limpinho e encerado, dando mais conforto que um carro novo com seus bancos de mola, que se assemelham melhor a um confortável sofá de sala de televisão que um banquinho de espuma injetada de um carro atual.

Enfim,... é essa a história de agora. Não teve poeira, nem lama. Não atravessamos rio e não subimos ladeira esburacada, e nem tivemos necessidade de uma tração reduzida. Mas posso garantir que a emoção foi extrema, e ainda vai durar muito. A emoção dessa viagem durará até o último dos meus dias. 

Mas antes disso ainda teremos muito que contar de nossas andanças de Rural e Jeep, e não mais sou obrigado a escrever somente para deixar um registro para os vindouros. Os vindouros já vieram, e vão é participar da história. 

De agora em diante seremos nos quatro: Eu, Rose, Chico, e nossa Zequinha Novata.

Até a próxima,

11/05/2008

          Walter Júnior - B. Hte. -

waltergjunior@waltergjunior.com

waltergjunior@yahoo.com.br  

 


O Idelgiro, meu Fuscão 1500 1971, encarregado de trazer a Laura para casa.


A curiosidade do Chico, no primeiro dia em casa.



Minhas mulheres !...



Para não ter ciumeira, retrato de parente vão ser só esses dois.
São as únicas primas, a chorona Thaís e a doce
, mas nem sempre tão doce assim, Luiza.
Já deu para notar que só tem mulher feia nessa família, né ?



Chorosa e já com os brinquinhos, e no outro retrato, com os olhinhos bem abertos.


Ainda não temos uma só foto de nós quatro. Mas nessas duas fotos, nós quatro à prestação !

 

Laura 

Alcir Pires Vermelho e João de Barro-Braguinha

Laura
me empreste o sorriso
é o que eu mais preciso
pra poder viver

Laura
neste meu bolero
eu me desespero
chego a plagiar

Laura
me empreste o carinho
venha, dá-me tuas mãos
pra gente amar curtir

oh Laura
teu comportamento
tanto atrevimento
me modificou

Laura
minha decadência
sofre a influência
vou morrer de amor

Laura
minha decadência
sofre a influência
vou morrer de amor
vou morrer de amor