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Campo Belo - Demoramos mas voltamos

 

  Tô Bão ! 
 

Cidade Montesa, terra de bom café. Café Arábica, bebida dura. Terra de gente sem igual, meus parentes. A começar pelo primo Zé Tadeu, que quando lhe falei que ia levar o Chico, respondeu: “Ocê trás quem quiser!” Terra da mais bonita praça que já vi. Esta é realmente maravilhosa, muito boa de se assentar em um banco e fazer nada. Foi nosso destino em 25/05, viajando com a Faustina. E já era tempo, pois a última vez foi em 2003, no carnaval, numa viagem só por terra com o Edwaldo.

Viagem tranqüila, como sempre é com uma Rural, que anda mais devagar, deixando a gente com tempo para apreciar. O único problema foi o estouro de um capacitor. Deixa eu explicar: Tenho um circuitinho eletrônico na Faustina que não queria funcionar corretamente, e descobri que era por ruídos na alimentação. A solução correta é instalar um capacitor, que filtra esse ruído. Só que o danado não agüentou, e no meio da viagem, já a noite, explodiu, soltando uma fumaceira danada embaixo do painel. A fumaça era verde, iluminada pelo led do transmissor do mp3. Depois do estampido, que nem tiro de 22, desliguei o motor e corri para parar o carro. Levei a mão na chave geral, e o cinto de segurança me deu um soco para trás. Soltei ele correndo e desliguei a danada da tal chave, dizendo para a Rose descer e abrir a porta. Ai que ela apavorou... Na verdade era só prá ventilar melhor o carro, e fazer a fumaça sumir. O Chico é que ficou na boa no banco traseiro. A Rose insistindo para eu parar o carro no acostamento, mas lá tinha mato demais,  da metade da altura da Faustina. “Vai andando no mato, se ocê desaparecer, paro a Faustina”, recomendei. Ela não quis, nem parecendo ser a Jeepeira graduada que é. Será ?! Acho que não queria sujar a roupa. Preferiu ficar atrás da Rural, e quando veio um ônibus, ficou dando sinal, cheia de tremeliques, abanando as mãozinhas que nem Solineuza. Lógico que o motorista parou. Achou que era passageiro. Aliás a Rose sinalizando em trilha é coisa perigosa. Ela só tem uma direção: Vem! Direita e esquerda é tudo mesma coisa. É vem! O pior é que gastei algum tempo, e umas agarradas com o Jeep, prá descobrir isso. “Vai lá Rose. Avisa prô motorista que num é nada não!” Ela recusou, provavelmente por vergonha da situação. O motorista esperou, e acabou descendo para ver. Agradecemos, desculpamos, e ele seguiu viagem, após oferecer seus préstimos. Logo seguimos também, pois já tinha descoberto o porque do estalo e fumaceira, e não era problema algum para continuar a viagem. Teve outra coisa também, que foi o motor aquecendo além do normal. Isso é por causa das válvulas presas, e uma regulagem resolve o problema. Motor retificado hoje em dia tem disso sempre. Não tem as sedes bem limadas como antigamente, e em vez de bater as válvulas, vai é prendendo.

O grande problema em Campo Belo é que nunca dá tempo de fazer tudo, nem ver todos. Acaba que ficamos em falta com um tanto de gente que gostamos. Mesmo assim, com o tempo curto, deu para ver muitos e matar as saudades. E também fazer muito. Dormimos uma noite na cidade, e outra na roça, em Toscano de Brito, distrito da cidade, onde meu pai nasceu. Aquele lugar é de lembranças extremas, mas não é bom somente lembrar, mas também escrever mais um pouco de história. Deu prá muntar numa égua do Zé e ver que destrenei muito com isso, tomar cachaça com o Tonho, agarrar leitãozinho prá fotografar. Deu prá brincar muito com a Dolores, sempre cuidando extremamente do Vô, que é levado e não dá muita confiança. Deu prá chupar laranja comum no pé, aquela laranja verdadeira, a da roça. Deu prá rodar café no terreiro, pois o secador ainda não está funcionando, com a “panha” somente começando. Deu prá assentar no curral cedo, na hora do leite, e deu prá ver torrar café. Deu prá olhar no telescópio estrelas e planetas à noite, com um céu que não tenho costume. Deu prá matar as saudades do Vô Osmindo, que a melhor definição que achei para ele até hoje é: “Ô homi bão !”

Outro grande problema de Campo Belo é que come-se demais. É tudo feito na hora. O porco foi morto no sábado, o queijo foi feito também. A comida toda no fogão de lenha, tudo bom demais. E não há prazo para muito pensar, pois acaba-se o almoço, e vem pão de queijo com café. E assim vai... É sempre assim. Fartura danada!...

Antes da volta, que tem sempre a feira prá trazer, o Tonho e o Zé Tadeu não conseguiram ficar sem dar uma voltinha na Faustina, já com ela carregada para a volta. Na feira veio: Limão capeta, mexerica e laranja, leite, pernil e queijo. Mudas de pimenta Comari, e é claro... Café! Ao entrar em casa na segunda-feira após o trabalho, percebi a casa invadida com o cheiro. Esse cheiro denuncia: Estivemos em Campo Belo.

Gente boa, terra boa..., onde passei boa parte das férias de minha infância. Volto em breve!

Até a próxima,

30/05/2007

 

PS:  Em 20/01/2009 perdemos o Vô Osmindo. Foi nessa viagem, contada ai acima, a última vez que vimos ele vivo aqui na Terra. Tenho certeza que ainda iremos nos encontrar, e vou continuar a aprender com ele mais um tanto, como sempre aprendi. Enquanto não chega essa hora, continuo aproveitando essas férias, que é a vida. E sigo dizendo sobre Vô: “Ô homi bão !”

Júnior, 20/01/2009

          Walter Júnior - B. Hte. -

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