Carnaval 2008-Faustina vai à Praia
Tô Bão !
Tem que gostar muito dos carros velhos !... Mas não foi por causa de idade que queimou-se outra junta de cabeçote. Sei que tem algo errado que faz o motor da Faustina aquecer, apesar de ter feito e verificado tudo que seria possível. Ao menos quase tudo, pois o problema deve estar em um detalhe muito sutil, talvez até banal, que vem dando dor de cabeça. E ficamos novamente na estrada com a Faustina. No momento, a raiva da Rose foi tanta que nem fotos quis tirar. Mas ela foi voltando com a esportiva tradicional, e já estava até gostando mais para o final. O estranho é que a Faustina não tem sido muito dada a subir ladeiras, e a BR 262 é cheia delas. Vê só, um carro mineiro que não tem gostado de subidas. Isso é quase um paradoxo. A 262 é uma das estradas mais pesadas que conheço, no trecho entre Belo Horizonte e Vitória, com algumas partes em trechos de alívio, de vez em quando. É uma estrada perigosa, mas uma das minhas preferidas para dirigir. É muito divertida com tanta curva, e com um carro mais lento o prazer da viagem cresce, e o risco diminui. Sei que novamente demos sorte, pois a junta do cabeçote queimou justamente em Venda Nova do Imigrante, onde se acha peças com facilidade, e pertinho da Oficina do Dário, que conhece dos Willys e fez um bom serviço na Faustina. Mas vou esquecer essa parte, e lembrar da viagem, que foi muito boa. Aliás a birra da Faustina foi somente na BR 262, pois lá no litoral, na baixada, rodamos mais de 400 Km nos passeios pelas praias, e sem problema algum.
Essa foi a primeira vez que a Faustina cruzou rodando a fronteira de Minas Gerais com outro estado. Ela, juntamente com outra Rural idêntica e duas Pick Up Willys, essas duas últimas aportaram em Abaeté, foram os pioneiros a chegar em Dores do Indaiá em um caminhão cegonha. Antes disso os carros vinham rodando de São Paulo até o destino. Então ela veio ainda neném de São Paulo, em 1962, apeou em Dores do Indaiá, e fez poucas viagem fora do município. Depois veio para nós, em Belo Horizonte, e todas as viagens que fizemos foram dentro do estado. Então o fato é importante, e digno de comemoração.
Para ser muito sincero, preferia uma viagem tradicional de carnaval, pelo interior de Minas, preferencialmente em qualquer destino que a Serra do Espinhaço cruze. Mas a Rose com o barrigão crescendo, a Zequinha Novata mais cada vez perto de nascer, o recurso foi ir à Carapebus/ES. Não que lá seja um paliativo ou um lugar ruim. Muito antes pelo contrário. Lá é bom demais da conta, lugar que freqüento desde criança. Só que em época de carnaval a bagunça costuma se generalizar, e até Carapebus, uma roça com mar, perde o sossego. Carapebus é um distrito de Serra/ES, mas lá costumam chamar somente de Praia de Carapebus. Mas dessa vez foi ótimo, e até sossego tivemos, sem bagunça ou barulhada alguma. Claro que tinha carnaval, era só procurar ! Um som da prefeitura de Serra na areia em frente ao Jangada, um conjunto animando o pessoal no Clube dos Oficiais, e os tradicionais blocos da Vila de Pescadores, que são os melhores, tocando marchinhas na batida da caixa e do trombone de vara. Um desses blocos passou na porta de casa, e eu já molhado tomando banho, corri peladão mesmo, passando a mão na canga da Rose, pois foi o primeiro pano que me apareceu na reta. Enrolei-me naquilo e fui prá rua, pular, cantar e dançar o verdadeiro carnaval. O comentário da Rose é que eu era doido, pois o pano poderia cair. Neste caso o problema não seria tão grande. Era carnaval ! Saímos, em um outro dia, eu, Leleco e o João vestidos de mulher. A roupa era improvisada, nada dos luxos anteriores que ainda estão todos guardados em casa, apesar da idade. Num era nada de luxo não, mas eu sempre dizia isso, disputando com o João Mota a baranga mais fresca do carnaval. Mas com isso, revivi a Creusodete Vulvalinda, moça difícil e recatada da TFM (Tradicional Família Mineira), que eu encarnava nos carnavais passados em Diamantina, pulando atrás do "Sapo Seco" e do "Cabeça de Porco". Isso quando Diamantina tinha carnaval que preste, o que não ocorre mais. Nesse dia, a diversão a mais ficou por conta do Chico. Ele ficou bastante confuso comigo vestido de mulher... Eu fiquei confuso foi no dia seguinte, com a Ana Valéria vestindo parte da "minha" roupa, e a Fifí o restante!
Estivemos acompanhados sempre por amigos, como toda a turma da casa do Manjuba. Turminha barra pesada, que come e bebe tanto que até desanima a gente. Mas são amigos muito amigos, e prá lá de divertidos. Vieram embora na terça, tendo que trabalhar após o carnaval. Eu, Rose, Chico, e a Zequinha Novata continuamos por lá. E foi só os amigos nos abandonar que arrumamos uma passeiação sem fim. Já disse que rodamos mais de 400 Km entre as praias. E foi após a terça de carnaval que fizemos isso. Revisitamos Manguinhos, Jacaraípe, Nova Almeida e Santa Cruz. E conhecemos um tanto a mais de praias nos municípios de Fundão e Aracruz. Passeios bonitos e tranqüilos, onde deu para comer otimamente bem no São Geraldo, na Cabana do Luiz e no Ninho da Roxinha. Em Praia Grande, em Fundão, deu para chegar pertinho do mar com a Faustina. Se não fosse os banhistas, era só acelerar, pular o morrinho e rodar na praia. Em um coqueiral, antes de Barra do Sahi, também quase molhei os pezinhos dela na água salgada.
Deu também para rever o Custódio e a Célia. Tinham mais de 6 anos que não via o Todinho, um grande amigo que hoje mora em Vitória. Ele estudou comigo, e lembro bem o Arnaldo Stochiero, um professor de cálculo que chamava todo mundo de "Zé", falando com ele. "Zé ! Esse nome é uma dádiva. Não precisa ser xingado nunca !..." Tempo bão o da minha infância e juventude em Carapebus e na faculdade, revivido em parte nessa viagem. Mas vamos tocar o barco prá frente, pois bem lembrou a Rose que essa deve ser nossa última viagem sem a Zequinha Novata choramingando. Ela já tem algumas opções de nome, mas num conto !
E voltamos no sábado após o carnaval. Foi só começar subir a serra em Viana que a Faustina me lembrou da sua birra em subir serras. Veio esquentando de lá aqui. Mas a volta foi mais rápida que a ida. 14 horas contra 19. Na ida tivemos que parar para trocar a junta do cabeçote, e na volta tivemos que parar em tudo que é subida, para não queimar outra junta do cabeçote. Na "Serra dos 9", em São Domingos do Prata, foram duas paradas. São 9 Km de subida, em uma travessia de uma parte do complexo da Serra do Espinhaço. Uma pena, pois é uma grande diversão acelerar um motor Willys em uma subida de serra, mesmo no asfalto. Apesar de antigo e pesadão ele empurra muito bem, e não tem carrinho popular moderno para acompanhar. Já fiz muito disso com o Edwaldo, o que dá um prazer danado. E sei que a Faustina fazer isso, também voltará.
Até a próxima,
12/02/2008
Walter Júnior - B. Hte. -
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