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Catas Altas... A outra.

  Tô Bão ! 

Já tinha muito tempo que não fazíamos nossa viagem mensal, estrada de terra afora. Também, o Edwaldo continua desmontado, e era com ele que tínhamos esse costume. E como é o costume, saímos num sábado bem cedinho, e voltamos domingo mais tarde. Viagem de dois dias, nesse último final de semana, mas que sempre parecem dez !  Como o Edwaldo ainda demora um pouco para terminar, usemos a Faustina. Não gosto muito da idéia de ficar lambrecando ela, pois é muito difícil de limpar depois. No carnaval foram nove dias de viagem, num barréu danado, e dez dias de limpeza. Se bem que, com a seca não acharia barro, mas somente poeira, e muita, que é mais fácil de arrancar. Uma soprada geral com ar comprimido prá tirar o grosso incrustado e escondido, uma lavada com a bomba de pressão e um capricho do Jairo, e ela tá nova de novo. Tem também que carro é prá servir à gente, e não ao contrário, então, "...arruma a mala aê que a Rural vai viajar...".

Fomos eu, Rose e Chico, para Catas Altas, a outra. Catas Altas da Noruega. Muita gente apronta confusão com as duas, e é comum um viajante chegar em uma quando o destino era a outra. Catas Altas fica próxima a Barão de Cocais, ao norte de Mariana. Já Catas Altas da Noruega fica quase que a mesma distancia de Mariana, só que ao sul. A origem dos dois nomes é a mesma. São catas de ouro que eram altas, e para diferenciar, o povoado de Noruega completa o nome dessa que fomos conhecer dessa vez.

Viagem rápida, muito rápida. A Rose não topou o "atalho" por terra de Ouro Branco à Itaverava, então tomamos o caminho normal, todo asfaltado por Conselheiro Lafaiete. Passamos no Viaduto das Almas, perigoso e bonito, que conheço desde meus dois anos, e lembro disso. Tentaram mudar o nome para Viaduto Vila Rica, mas isso é igualzinho mudar nome de rua. Sempre fica o nome antigo. Av.Pres.Carlos Luz ? Não, Catalão ! Av. Atlântica no lugar de Heráclito Mourão de Miranda, que além do costume é muito mais fácil, e vai por ai com mais um montão de exemplos. Provavelmente foi a última vez que passamos por ele, pois não costumamos rodar muito por aqueles lados, ainda mais em asfalto. Estão construindo outro viaduto, retificando o traçado da BR 040. Vai aumentar a segurança, mas vai perder o romantismo.

Mas a viagem foi rápida mesmo. Antes das 9:30 já tínhamos chegado, mesmo com as paradas, incluindo uma em Itaverava para fotografias. Como de costume, não tínhamos reserva em pouso algum, e, procurando, encontramos a pousada da Alba e do Francisco. Um luxo só, com um tratamento de primeiríssima. Apesar de encontrarmos gente da melhor qualidade em nossas andanças, os recursos eram realmente muito maiores que estamos acostumados. Até falei à Alba: "Se viermos aqui de Jeep, pela terra, vê se arruma toalhas marrom, pois mesmo com um banho demorado uma toalha branca acaba encardindo bastante". Aliás Catas Altas da Noruega, apesar de pequena, tem muito recurso para o viajante, com restaurante e pizzaria e comida boa. Apesar de parecer normal, costumamos não encontrar isso tudo em alguns destinos, pois sempre escolhemos cidades muito pequenas para ir.

Fotografamos motivos interessantes dentro da cidade, e fomos ao Morro do Barbeiro, muito alto e com bonita vista, de onde dá para ver longe e também toda a cidade. A Rose quis mudar o nome para Morro do Carrapato, pois os carrapatos não deixavam ela esquecer o morro de jeito algum. Também peguei um pouquinho deles, prá não perder o costume. Livre mesmo ficou só o Chico, que sempre viaja já preparado para isso, com o repelente em dia. Isso foi no sábado, mas depois de uma dormidinha após o almoço, um rega bofe danado no Cabanas Bar Restaurante e Padaria, não fizemos foi absolutamente mais nada, ficando na varanda conversando com a Alba até à noite. Prá jantar, a pizzaria da cidade, onde tinha um show ao vivo. Eu, prá variar, puxando as palmas. O rapaz que cantava até me agradeceu pelas palmas. Depois a Alba me contou que o pessoal lá não tem muito esse costume, ai entendi o porquê dele agradecer olhando para mim.

Domingo tomamos um cafezão da manhã, e fomos embora, após um pouco mais de conversa com a Alba e o Francisco. A volta seria na maioria por terra. Fomos ao distrito de Jatobá, conhecemos a capela local, e rumamos até uma cachoeira. Cachoeira não escapa mesmo. Mais uma na lista, que já soma muito mais que uma centena. Uma cerveja e cachaça na venda da dona da cachoeira, duas dúzias de ovo caipira prá levar, e vão seguir o rumo. Desobedeci o conselho de um morador e tomei outra estrada para Santa Rita de Ouro Preto, dessa vez com a concordância da Rose. "Todos os caminhos levam a Biturí", sempre falo isso quando a Rose inventa de amedrontar, e isso  já até virou ditado. Sairia em Santa Rita de qualquer maneira, ainda mais com aquele pico próximo à Lavras Novas me guiando. Da próxima vez quero ir por Bandeira, pois fiquei sabendo que tem uma travessia na serra até Santo Antonio do Salto. Vimos um tanto de estradinhas naquele rumo, e deve ser muito bonita a travessia da serra por lá. E é por ali, naquela região, naquele emaranhado de serras, que nasce a serra que mais gosto. A do Espinhaço. Foi um caminho ligeiramente mais longo, mas saímos em Santa Rita, tomando a direção de Santo Antonio do Salto. Logo após o início do Canal Maynart, que abastece uma usina hidroelétrica lá no Salto, e que pertence à Alcan em Saramenha, viramos à esquerda atravessando o Rio Gualaxo do Sul, meio seco com a seca e a água desviada para a hidroelétrica. Encaramos novamente aquele subidão na serra que sai em Lavras Novas, onde almoçaríamos já beirando as três da tarde. Rodar na terra pelo rumo é que é a grande graça do Jeep. Sigo a posição do Sol, estrelas, de um pico em uma serra, de um rio, e nunca volto de mão abanando. Às vezes fico doidinho prá perder o rumo, e isso já aconteceu umas três vezes, mas não mais que por dez, quinze minutos.  Nada de equipamentos modernos, como uma bússola por exemplo... Nem pensar !

Mas a subida dessa serra é caso à parte. Sobe demais, e tem curvas de quase 180º. Já subimos lá com o Edwaldo, que é curtinho e mais fácil de virar. Mas a Faustina, bem mais comprida e, como toda Rural, vira pouco, a coisa é mais difícil um pouco. O recurso era jogar a traseira dela nas curvas, acelerando num cavalo de pau controlado. Mas na segunda manobra dessa que fiz, me vem a Rose achando ruim que estava fazendo aquilo de propósito. Era mesmo, mas num confessei, e continuei com as rabeadas com ela falando prá parar, amedrontada com a idéia do carro ir parar lá embaixo numa errada qualquer. Parei, e o resultado foi ter que manobrar em uma das curvas, tendo que até dar ré. Ai, dai prá frente, deixei ela falar...

A intenção era almoçar no Sô Domingos, que já é amigo de longa data, e tem uma comida feita na lenha prá lá de ótima. Problema !... Chegamos lá no dia da festa da padroeira, com a procissão à frente e a banda de música à trás fechando toda a passagem. Só entramos na rua principal porque chegamos ao distrito pelo lado, e não pela entrada oficial. Tudo interditado... Mesmo conhecendo o lugar, perguntei se havia outro caminho até a Pousada do Sô Domingos. Não, foi a resposta. "Mas nem traçado ?", insisti, mas não tinha jeito. Só de helicóptero, que é aquele avião que tem um papa vento no lombo, em cima da cacunda...

O recurso foi ampliar nossos horizontes gastronômicos em Lavras Novas. Um bom PF no restaurante da Mirtes, ao lado do Cruzeiro, depois de uma pinga prá abrir mais o tamanho da fome, e pé no caminho. Digo, Faustina na estrada. Até o asfalto na estrada de Ouro Branco à Ouro Preto ainda tinha mais um pedacinho de terra. Horário de ir embora, então tinha um tanto de carro voltando. No início rodava devagar, aproveitando e apurando o gosto do restinho de estrada de terra que faltava. Até entrei com Faustina e tudo por baixo da Pedra Equilíbrio, no meio da estrada, prá um carro baixo que vinha poder passar. E o caboquinho num deu conta, então, sai que lá vai Faustina... Com isso,  juntou uns cinco carros logo atrás, e um deles doidinho prá passar. Peraí !!! Ninguém vai empoeirar minha estrada. Eu tô é de Rural, o Landau da terra, e foi só cutucar a Faustina prá deixar a filinha de carros há mais de um Km de distância. A lei de Jeepeiro é essa. "No asfalto ocê me aperta, mais na terra nóis acerta!"

A viagem foi tranqüila. Assim como o Edwaldo, ninguém atrapalha a Faustina na rodovia mesmo. Muito antes pelo contrário. Já notaram como o povo gosta de seguir Jeep? Sempre forma uma fila atrás deles... A grande maioria não liga para a baixa velocidade, e até gosta, buzina, festeja abanando a mão, e agradece quando damos passagem. No início, viajando com o Edwaldo, passávamos susto toda hora. Até carro vindo em sentido contrário vinha buzinando, piscando faróis. Me lembro que a primeira vez que aconteceu isso, tinha sido na mesma rodovia, no mesmo trecho. É a BR 356, Belo Horizonte-Mariana, também chamada de Rodovia dos Inconfidentes. Mas hoje já acostumamos com isso, e não assustamos mais. Somente continuamos achando o maior barato esses festejos. e sempre retribuímos.

Chegamos à Belo Horizonte ainda dia, à tempo de ver o Sol se pondo, enquanto cruzávamos o banguelão no início do Anel Rodoviário. Sabe que nem farolete precisou usar ?!...

Até a próxima,

 21/08/2007

        Walter Júnior - B. Hte. -

waltergjunior@uai.com.br  

walter.junior@ig.com.br

 

 

O velho Viaduto das Almas, e o novo, sendo construido

 

 

Igreja Matriz de Santo Antônio

Uma rara igreja de tres portas, em Itaverava

 

As duas casas construidas sobre um córrego, no centro de Catas Altas da Noruega

 

 

O Morro do Barbeiro de onde se avista longe, inclusive toda a cidade. A Rose insiste que é Morro do Carrapato...

 

 

A Pousada Morada da Felicidade, da Alba e do Francisco.

A Alba se escondeu atrás do Otto, o poodle, prá não aparecer, mas tenho outras fotos dela...

 

 

A Rua das Goiabeiras, com o muro de pedras, o "quartel" e a delegacia, no centro de Catas Altas da Noruega

 

A poeirada sobre a Faustina. Muita poeira, mas é melhor que barro !...

   

 

A capela em Jequitibá, e minha zequinha em ação

 

 

A cachoeira em Jequitibá. Ainda não enjeitamos nenhuma

 

 

O pico próximo a Lavras Novas, me guiando o caminho

 

 

O canal Maynart, próximo a Santo Antônio do Salto. Já passamos por lá em 2003, com o Edwaldo

 

 

A ponte sobre o rio Gualaxo do Sul, e o subidão logo em seguida. São 3,5 Km de uma subida brava demais.

Para quem gosta de tecnologia, as coordenadas dessa ponte são: Latitude:20º29'40.30"Sul e Longitude:43º29'46.60"Oeste

 

 

O simpático restaurante em uma casa velha, em Lavras Novas

 

O sol se despedindo de Belo Horizonte no dia 19/08/2007, durante a descida do Anel Rodoviário

 


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