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Edwaldo na Tapera

 

      Tô Bão ! 

Estou mudado mesmo... Deve ser efeito de morar em um lugar muito tranqüilo. A única pousada do lugar, ou seria melhor dizer pensão, era também bar, mercearia e som. É ! Som. Onde se junta todo o pessoal do lugar nos sábados para se divertir. E nem liguei para a zoeira na hora de dormir, ou seja, apagar. Em outros tempos teria apelado com a barulheira.

Saímos cedo, no sábado 17/09/2005. E pela primeira vez, meu companheiro de viagem seria o Wetto Fumo, o Ewerton Geraldo, aquele que tinha me chamado prá ir lá no Japão, lembram ? Até hoje foi o único que reclamou de sair às 5:30 da manhã. Queria sair às 5:00 ! E saímos. Caboquinho tranqüilo. E tranqüilo até demais... Foi procurar saber se tinha óleo no motor do Cascão só lá na pedra do Elefante, quando descobri que o sobressalente dele estava furado há seis meses. “Os que estão rodando estão bons.”, retrucou o Wetto. E olhem que antes de São José de Almeida, naquela ponte estreita, o Cascão tinha ficado parado, sem bateria, após apagar o motor na banguela, e Wetto não conseguiu funcionar ele no tranco, com a embreagem muito baixa além da caixa de redução ter caido no neutro. Sei que depois de esperar um tempo, e aqueles radinhos que o Wetto pegou emprestado com o Tody não funcionam mesmo, sendo que um PX seria maior benefício por menor preço. Voltamos e encontramos o Cascão na entrada da ponte estreita, parado, entupindo a ponte. Janaína na direção, eu e o Wetto na empurração. Poë uma 3ª porque não agüentamos fazer muita força. E na primeira arrancada na embreagem, o Cação pegou, e a Janaína nem viu. Foi de 3ª mesmo, atravessando a ponte com o Jeep dando arranco e com o motor emitindo um som de motor Tobatta de picadeira de capim. Ela não tinha notado que o motor pegou, e foi tocando, pensando que ainda estávamos empurrando, só se dando conta há uns 300 metros prá frente, quando olhou no retrovisor, e nos viu ao longe. É outra figura, também, esta ai, a tal Janaína !... Um entojo só ! Pobre Cascão... Tá é lascado, mas vai e volta sempre. Ele é um Jeep.

Já quase chegando, um lago na beira da estrada. Desespera-se o Wetto. Tinha que pular lá dentro d'água. Pulou e a parada virou piquenique, terminando com o resto que tinha na geladeira do Edwaldo.

Na chegada, enquanto a Rose e a Janaína se trocavam, eu e o Wetto, cerveja. Que almoço que nada. E vamos logo para o Rio do Juca, digo, Córrego do Juca. Não é cachoeira, mas um lajeado bem legal. Tinha um caboquinho lá com duas mulinhas pegando cascalho para a construção. Uma hora indo, outra vindo, sempre puxando as mulas, e pega mais cascalho. Nada fácil ! Foi nesse lugar que vi o Chico mais feliz que nunca com a água. Foi correndo e brincando o tempo todo, só parando com olhar de tristeza na hora do banho. Quem entende ? Pula na água o tempo todo e fica triste prá tomar banho.

Tinha encontrado com um pessoal lá neste lugar, que me chamaram para ir até o alambique deles. Eram filhos do Sô Sebastião. E fomos. Que pessoal receptivo !... Após o café com quitandas, oferecido pela mulher do Sô Sebastião, fomos ao alambique. Pequenino, totalmente artesanal, e no meio das pedras, nem precisa de telhado. O destilador fica em um “galpão” coberto de pedras. Aproveitamento natural. Muito bonito o lugar, pena que as pilhas da máquina tinham acabado, e a Rose enfezada, pois tinha comprado baterias novas e eu larguei para trás. Essas nhacas digitais são assim mesmo ! Se fosse analógica nós teríamos fotos do alambique.

Enquanto víamos o alambique, o Sô Sebastião e o cunhado sapeavam os Jeep’s, e, fuxicando no Cascão, descobriram seu suporte do filtro de óleo quebrado. Arame, amarra-se e poë prá rodar.

Almoçamos às 7:00 da noite, após eu abrir a pista de dança, dançando sozinho, pois a Rose se recusou a fazer isto comigo por pura vergonha. Esse povo da cidade é muito tímido mesmo...

No domingo cedo procuramos e não achamos o soldador do lugar para remendar o suporte do filtro. “Larga o Cascão ai, Wetto !”. Amontoamos todo mundo no Edwaldo. Eu, Rose, Chico, Wetto e Janaína, e fomos para a cachoeira do Nazareno.  Fazenda antiga com curral na porta. Esterco à vontade. Tive a autorização de levar o tanto que quisesse na volta. Nesta o Wetto se revelou o melhor Zequinha que já tive. Nem precisava explicação para que lado a porteira se abre.

Que cachoeira legal, mesmo com pouca água. Após muito descanso, resolvemos subir o rio, explorando o lugar. A máquina fotográfica desta vez não foi, porque tínhamos que atravessar os piscinões nadando. Quatro piscinas acima, o rio terminava em um beco de pedras, com uma curva de 90º dando continuidade ao beco, que terminava em uma pequena cachoeira. É beco mesmo, num é cânion não ! Pena não ter fotos. Eu e o Wetto resolvemos entrar no beco. “Vai na frente, Wetto!” disse eu, pois não fico tonto só com Jeep de lado não. Sempre me assusto também com água em lugares escuros. O Wetto foi entrando, parou e disse: “Tô com medo !” A Rose encorajou ele, e fui atrás. Paramos na curva de 90º, chamando as “meninas”. E elas vieram... Estavam com a coragem toda. Fomos nadando até o fim do beco chegando a cachoeira, que tinha uns 2,5 metros de altura, e onde passava todo o rio. Rose, Janaína e Wetto ficaram embaixo da cachoeira, e eu subi em umas pedras para ver o Chico, que tinha dado a volta. Foi quando eu vi que a parte alta da cachoeirinha parecia um banco cavado nas pedras. Resolvi assentar no banco, e sabia que ia cortar o fluxo da água na cachoeira, represando a parte alta com o buzanfão. O susto da Rose e Janaína, olhando uma para outra quando de repente a água parou de fazer barulho foi grande, e elas só notaram o que estava acontecendo quando comecei a rir.

Voltamos para a primeira queda, deitados na pedra, onde ficamos a tomar cerveja e refrigerantes com biscoitinhos no convescote do dia.

Hora de voltar, e o Wetto me inventa de voltar por dentro do rio. Rose e Janaína toparam. Já num disse que estavam com a coragem toda ?... E compensou muito, apesar de alguma dificuldade com as pedras. Perdemos o tempo que iria sobrar para vermos o sol se por no Campo Grande, mas da próxima fazemos isso.

Na fazenda do Sô Nazareno só juntamos, eu e Ewerton, o esterco para minha horta, subimos no Edwaldo, e fomos para o Campo Grande. Só chegamos no meio do caminho, pois já estava tarde e a fome já era grande. Mas deu para fotografar os dois morros próximos. Parecem os “Dois Irmãos” de Fernando de Noronha. Não sabíamos o nome correto, e eu preferi batiza-los de morros “Sem Sutiã” !...

Almoçamos à 7:00 da noite novamente, tirando um cochilo em seguida. Chegamos em Belo Horizonte às 2:00 da manhã, e só hoje, quinta-feira, ainda todo dolorido, estou conseguindo escrever esta. O Edwaldo se comportou muito bem, mas me apareceu com um grilo no motor, que vai me fazer trocar a bomba d’água, aposto. Eu, dolorido, picado de carrapato, e com um bichinho-de-pé como lembrança. Mas estou certo que o restante do pessoal também está na mesma...

Até a próxima,  

22/09/2005

        Walter Júnior - B. Hte. -

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