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Quase sem freio, em Tijucal !

  Tô Bão ! 

  Era domingo de carnaval. Carnaval de 2006. E fomos estrear a Sabrina, Lívio e a cocker Nicole da Sabrina, dentro do Edwaldo. Juntamos dentro dele mais eu, Rose e Chico. Depois que vi descendo oito pessoas de dentro de um Jeep em São José da Serra, tenho certeza que cabia até mais dentro do Edwaldo. Estrada muito bonita, cascalho e areia, no meio da serra, entre campos de sempre-vivas. O Zé Carlos logo atrás, juntamente com o Adriano e a Patrícia, dentro do Raul.

        De repente, escutei uma coisa arrastando embaixo do Jeep. Parei e até comentei com o Lívio, que isso tem que ser verificado, pois galhos costumam agarrar no eixo, e podem até quebrar um caninho de freio. E era um galho mesmo. Agarrado na traseira esquerda. Tirei ele de lá, verifiquei o caninho e continuamos, prá conhecer outra cachoeira. Já recomendados pelo filho da dona da nossa pensão, paramos no meio do caminho, na casa do Sílvio, chamado de Silvo por lá, e encomendamos um almoço prá sete à D.Geralda. Ficamos bastante tempo na cachoeira, e voltamos com muita fome, mas somente três pratos, completados com dois ovos fritos foram suficientes. E essa toada foi prá todo mundo, não foi só prá mim não !... Fizemos um pesseio pela horta do Silvo, que tem uma cachoeira no fundo do quintal, visitamos as ruínas do seu munho de fubá, e tomamos o caminho de volta.

        Na segunda, bem cedo, já estava de pé, levando o Chico prá dar o seu passeio matinal, aliviando o que ele tivesse afim, e aproveitei prá brincar com o Pretinho, um cachorrinho local, sem dono, que se simpatizou bastante conosco, e fazia festa sempre que nos via. Foi nessa hora que passei os olhos na traseira do Edwaldo e vi um melado na traseira esquerda. O caninho tinha trincado com a pancada do galho, e inexplicavelmente fomos e voltamos à cachoeira no dia anterior sem problema algum. Nessa tenho que agradecer às forças, por ter nos levado e trazido em segurança, pois daquele jeito era prá ter ficado sem freio mesmo, a qualquer hora.

        Saí eu e Chico com o Edwaldo, pois tava o povo todo ainda dormindo, e, encontrando com o prefeito da cidade já cuidando de seu supermercado, expliquei o ocorrido, procurando uma oficina. Ele me indicou ir à casa de Zezé de Bebeco, que trabalha com refrigeração e certamente tinha um flangeador lá. Achei facilmente a casa, mas Zezé de Bebeco já tinha saído para fazer um serviço. A mulher dele, acabou acordando Jorge, seu filho, que é vereador na cidade, e ainda dormia no embalo da carraspana de carnaval. Apesar de insistir para ela deixar isso prá lá, ela levantou o cara da cama prá me ajudar. Jorge até que procurou, mas o pai tinha levado os dois flangeadores na caixa de ferramentas. Todo solícito ainda me deu um frasco de fluido de freio, mas meu recurso mesmo foi isolar o freio da roda. Usei  um ribite de lona de freio, pois sempre trago alguns junto com a peçaiada reserva do Edwaldo, justamente para isso mesmo. Passei a carregar alguns ribites depois que a Rose caiu em um mata-burro em uma ida à Divinópolis, juntamente com o Zé Carlos e a Diene. Naquela quebrou a 1ª e 2ª molas dianteira direita, e moeu o tubinho de freio, que isolei com um prego mesmo. Quebrou bem o Edwaldo, mas continuou andando. Jeep freiando em três rodas tá é bão demais...

        No fim do dia, após chegar já escurecendo, e já na venda do Cleber tomando qualquer coisa, me veio um recado, que Zezé de Bebeco tinha ligado à pensão oferecendo o que eu precisasse. Deixei para o outro dia cedo, pois já escuro não ia ter jeito. Fomos eu e Lívio buscar a ferramenta cedo, com uma chuva fina caindo. Cidade antiga calçada com pedra mineira e com poças d'água por todo lado. Conversando com o Lívio, nem vi o Edwaldo dando um banho em umas senhoras que caminhavam pela rua, ao passar em uma pequena poça, espirrando a água. Só vi elas esbravejarem. Parei o Jeep, dei ré e pedi desculpas, como bom turista que somos. Peguei a ferramenta e fomos à pensão, pois no seco, na garagem, ia ser melhor para fazer o serviço. Com o Lívio me ajudando, rapidinho o Edwaldo já tinha freio nas quatro rodas. Comprei um frasco de fluido de freio novo prá devolver ao Jorge o emprestado, e fomos devolver a ferramenta.

        O objetivo dessa história foi somente exemplificar a simpatia, camaradagem e hospitalidade, com as quais sempre somos tratados em nossas viagem terra afora. Conhecemos sempre pessoas simples, sempre dispostas à nos ajudar sem medir esforços. Sempre acontece de alguém que nos vê, oferecer os seus préstimos, mesmo se for numa simples parada na estrada, para esticar as pernas.

        Seguem essas fotos, desse lugar em que passamos o carnaval, que mostram o verdadeiro e puro lazer. O lazer que gosto, que é conhecer lugares e pessoas, sempre rodando por terra, muntado na cacunda de um velho Jeep. Entre essas fotos, uma curiosidade. Tem uma pedra que achei legal prá carai, e me foi dito que os antigos garimpeiros que ali procuraram por diamantes deram à ela o nome de : "Pedra do Caralho".  Sabem que não entendi até agora o porque desse nome ?...

        O nome da cidade que citei é real, apesar de ser um antigo nome. Esse nome não se achará em mapa ou carta atual. Assim acho que vai querer ir até lá somente os altamente interessados, que como nós, vão levar prá casa somente fotos e história prá contar, e deixar para trás mais amigos, e os finos rastros de pneu militar de Jeep, impressos na areia dos campos de sempre-vivas.

        Até a próxima,

11/03/2006

         Walter Júnior - B. Hte. -

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

     

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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