Sai da frente, mata-burro !...

  Tô Bão ! 

Essa história saiu de algumas mensagens da lista da Rural na internet. Estava dando satisfação aos amigos sobre a reforma do Edwaldo, e nesse meio sempre aparece as histórias de viagens. Foi quando, em 16/11/2006, escrevi:

"A Faustina no finalzinho dos acertos, o Edwaldo sem condição de rodar, tortinho para o lado direito, o recurso foi desmontar ele. O pobre estava ruim demais, apesar de:  "está bonito, está enganando bem", como disse o Samuel no último passeio pelo mato afora. Problema estrutural não aparece a olhos vistos. Já há muito ele estava no sacrifício, mas mesmo assim, não enjeitava uma empreitada.

Está todo desmanchado, e tem peças dele em quatro lugares diferentes. Já andou no reboque do Olavo, onde ficou numa metideza danada, igualzinho pobre andando de táxi, e no caminhão da Corema Andrade, providência do Zé Carlos. Aliás, se precisar de qualquer tipo de móvel de escritório, procure na Corema, que patrocinou o transporte da carroceria do Edwaldo para outra oficina, e tenho que agradecer de alguma forma...

O chassis vai ser arrumado no Paulo Porto, a carroceria na oficina do Jajá. A montagem vai ser aqui no fundo do quintal mesmo !

A preocupação agora é dele ficar pronto para o Carnaval. Se não ficar também, azar ! Viajo na Faustina. O divertido desses carrinhos é mesmo ir brincando com eles."

O Albert, amigo de Poços de Caldas, respondeu. É aquele mesmo que conheci pessoalmente em Poços, e me deu o bolo na viagem à Carrancas, desistindo de última hora. Aquele que consegue bater carro na traseira dos outros... Essa é ótima, e deve ser de uma bicudagem sem fim, mas o Albert não dá muitos detalhes. Ele conseguiu dar uma pancada na traseira de um carro, em uma madrugada. Descendo para acertar os ponteiros e os prejuízos descobriu com felicidade que o carro da frente era, e estava nele, o próprio irmão. Até hoje ele não sabe como descobri isso, e eu não conto. Então o Albert comentou : "Engana bem mesmo ! Saiu bão na foto, da nem pra notar... Abraço. Albert."

Mandei a resposta prá ele, acrescentando algumas fotos, prá melhor explicar:

"Ô Albert ! Dá uma oiada em uns poucos detalhes... Tava era bão de vender ele pela internet. Todo montado tava lindo, ainda mais se fosse por fotografia...

E eu viajando com ele prá todo lado, e prá longe. As últimas viagens foi Carrancas (800 Km), e prô Pico do Itambé (700 Km). A despedida foi um passeiozinho na Serra do Espinhaço, entre Rio Acima e Caeté. Se bem que mesmo arrebentado ele sempre volta prá casa, é um Jeep.

Outro dia tava falando com o Paulo Porto: "Esse povo só roda pertinho com Jeep arrumadinho. Quero ver é ir longe, e com ele todo quebrado."

E sabe que apesar dos pesares ele tava muito bão de dirigir ? Deve até ficar mió depois da mexeção !"

O Olzanetti de São Paulo, outro amigo da lista, também comentou:  "É impressão minha ou na 3 foto foi uma trinca! Aiiii...  E mesmo assim o Danado andava! Isso que é um automóvel !" - Na verdade a trinca era na longarina esquerda. Na direita tinha era uma fratura completa, que estava presa somente pela carroceria. Separou ao tirar ela.

E foi na resposta que comecei a contar a história dos mata-burro:

Olzanetti. Tava andando, e muito !...

Já chegou em casa freiando em 3 rodas, desalinhado, e com a mola mestra e a 2ª mola quebradas. Foi numa viagem à Divinópolis, em 03/08/2003,  e eu e o  Chico estávamos de carona no Raul, o Jeep do Zé Carlos. A Rose estava com a mulher do Zé Carlos, a Diene, no Edwaldo. Mulher fala demais, e de tanto conversar, caíram num mata-burro com ele. Só escutei elas chamando no rádio, dizendo que o Jeep tinha caído num mata-burro, e não queria andar. Achei que era só amarrar e tirar ele de dentro do buraco, mas chegando lá vi ele de fora do mata-burro. A pancada foi tão grande que ele não ficou dentro do buraco. Saiu, mas saiu quebrando tudo. Só para ter idéia da porrada, o diferencial dianteiro encostou na polia do motor, e justo nas marcas de ponto, arrasando e apagando elas também. Nessa o tubo de freio da dianteira direita também foi para o espaço, espremido entre a carcaça do diferencial e a polia do motor. Ele não andava mesmo, mas foi porque a caixa de redução caiu no neutro. Isolei o tubo de freio usando um preguinho, e acabamos de chegar em Divinópolis. Voltou rodando para Belo Horizonte, bem torto, freando em três rodas, mas rodando sozinho.

Esta viagem também tem outras duas passagens muito legais. No alto da Serra Azul, depois de uma parada para apreciar a vista, segui com o Zé no Jeep dele. A Rose foi com a Diene e o Chico no Edwaldo. Não tínhamos rodado quase nada, e inventei de pegar no rádio do Zé Carlos e chamar o Chico. Foi chamar que ele pelo rádio, que pulou do Edwaldo andando e veio correndo para o Raul do Zé. A Rose avisou imediatamente, e acompanhei pelo retrovisor e olhando para trás. Corria tanto que deixou o Edwaldo longe, e ia pegar o Raul em pouco tempo. Pedi para o Zé parar e coloquei o Chico na parte de trás, seguindo a viagem. É amigo e inteligente demais, o Chico!... A outra foi por conta do Zé Carlos. Já tínhamos descido a serra do outro lado, e havia um desvio na estrada que passava em um córrego, bem embaixo de uma tubulação de água para carregar caminhão pipa. Aquelas coisas que sempre se acha em mineração... O cartucho d'água descendo, uns 200 mm. Água demais. O Zé ficou preocupado com o córrego, sem saber se ligava a tração ou não. "Precisa não, Zé! É primeira simples mesmo, acelera e vai." Só depois vi que o Zé estava preocupado só com o córrego, que não tinha problema algum. Passou devagarzinho, embaixo do canudo d'água. O barulho da água foi tão grande que no susto o Zé parou bem debaixo dele. Entrou água demais dentro do Raul, tinha mais de 50 litros d'água no assoalho, molhando o pé da gente. Eu não conseguia parar de rir, ainda mais depois que o Zé me pega um paninho prá enxugar o painel...

Depois dessa viagem, sempre parava na frente dos mata-burro, dava no Edwaldo uma acarinhada no volante, falava baixinho que não ia doer nada, e atravessava. Isso quando não descia dele, verificava o mata-burro e conversava com o Edwaldo, convencendo ele a atravessar, com um tapinha no pára-lama. A Rose ficava invocada, e xingava muito. Mas tô certo que isso era por causa do sentimento de culpa dela, por ter caído com o Edwaldo no mata-burro, quebrando ele todinho. E foi assim até eu cair com ele em outro mata-burro. Disso a Rose gostou, pois dai prá frente poderia descontar. E nem demorou muito não! Foi em uma viagem em 06/12/2003, juntamente com a Justina, a Rural do compadre Pitts, lotada com ele, Selma, Mariana, Beto, Thales e Vinícius. Fiquei olhando a Cachoeira da Boa Vista pelo retrovisor. Tinha um mata-burro de trilhos longitudinais, aqueles "de comprido", logo após uma curva, e que passa até carreta de lado de tão largo que é. De tanto olhar a cachoeira, nem vi que no centro do mata-burro os trilhos eram mais separados. E o Edwaldo caiu novamente no mata-burro. Só que dessa vez bem devagarzinho. Só ouvi a Rose falando: "Desce o pau porque já vem o Pitts com a Rural ai atrás, e acaba batendo na gente !". Respondendo falei: "O Jeep caiu no mata-burro. Tem que descer prá tirar ele dai. E avisa o Pitts pelo rádio, se não ele bate no Edwaldo mesmo". A Rose não acreditou, e ficamos discutindo se o Jeep tinha ou não caído no mata-burro até a Rural chegar. Nisso já tinha avisado ao Pitts que estava parado, pois era muito fácil mesmo dele tirar o Edwaldo de lá com uma pancada na traseira. Rádio é bom por isso !...

Prá sair desse mata-burro não foi tão simples. Até seria da forma que tentei, pois o Edwaldo apenas tinha enfiado uma roda entre os trilhos, e ficou com o suporte do amortecedor apoiado no trilho. Engatei a tração dianteira, coloquei a ré, e ele veio arrastando o suporte do amortecedor sobre o trilho. Se o trilho estivesse lisinho sairia fácil, mas "se" não faz parte do jogo. Tinha um parafuso soldado bem no meio do caminho, e o suporte do amortecedor não passaria arrastando por ele. Tentamos levantar a frente do Edwaldo. Coitados!... É pesado demais. Com preguiça de pegar o macaco, arrumei um pedaço de mourão que daria certo para calçar a roda do Edwaldo, entrei debaixo do mata-burro prá melhor arrumar, e dei a incumbência ao Thales de me passar o mourão. O atentado do Thales não deu conta do peso, e me soltou uma paulada na cabeça. Sei que o mourão era pesado para ele, pois na época ele tinha uns 9 anos apenas. Mas a incumbência era justamente prá ir treinando ele, e nessa aprendeu mais uma. "Thales. Sabe que, quando recebo uma paulada na cabeça, eu não gosto ?!..."

Nessas fotos você poderá observar a divergência da dianteira depois da queda no primeiro mata-burro, em Divinópolis. Observe a cachoeira, na segunda foto, logo em cima do ponto de ônibus. Já tinha tirado o Jeep do buraco, durante a foto. E desses dois casos, só essas duas fotos tenho !...

Um abraço,

04/09/2007

     Walter Júnior - B. Hte. -

waltergjunior@uai.com.br  

walter.junior@ig.com.br

 

 

 

A foto em Divinópolis. Não aparece o tanto que o Edwaldo estava torto, pois fotografia

sempre ameniza tudo. Mas dá para ver o desalinhamento das rodas dianteiras. Zarolhinho !... 

 

É a única foto da segunda queda em um mata-burro. Só se vê um pedacinho dele, à frente do Edwaldo.

Mas a cachoeira da Boa Vista está bem em cima do ponto de ônibus. 

Não tirávamos tantas fotos na época. Eram máquinas de filme, com fotos regradas.

Logo depois dessa viagem comprei a minha primeira máquina digital, que é a mesma até hoje, cheia de experiência...  


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