Ignição Eletrônica com Platinado
Tô Bão !
Não vou teorizar demais. Primeiramente porque sou somente um hobbysta em eletrônica. Segundo porque muita teoria fica chato para muita gente, apesar de eu achar a teoria desse assunto o maior barato.
A Ignição Assistida foi amplamente usada nos Estados Unidos nas décadas de 60 e 70, mas não foi muito difundida no Brasil. Aqui tivemos alguns fabricantes menores, e tenho conhecimento de módulos fabricados pela Wapsa, e outros oferecidos como opcional ou acessório original pela VW e Chrysler.
Trata-se de um módulo eletrônico, que faz o serviço "pesado" de comutação da bobina de ignição, aliviando grandemente o platinado, que simplesmente quase não vai se desgastar, durando anos. A revista Monitor de Rádio e Televisão, uma revista especializada em eletrônica, trazia na edição de agosto de 1964 que, com a Ignição Assistida, a previsão de vida para o platinado passa para 120.000 Km, e as velas para 70.000 Km, com uma economia de combustível entre 10% a 20 %, com aumento da velocidade máxima entre 10 e 15 Km/h. Acho um pouco de exagero para os dias atuais, pois a qualidade do material elétrico bem como do combustível é inferior ao da época, além de eu estar longe de chegar nessa quilometragem com qualquer um dos meus módulos. Mas acredito que valores do tipo 50.000 Km para o platinado e 25.000 Km para as velas, sejam tranqüilamente alcançados.
A diferença de um módulo de 1964 é grande para um dos dias atuais. Os componentes evoluíram bastante, mas o funcionamento e os benefícios deles é muito similar ao de um módulo montado hoje. Só os componentes é que são muitíssimo mais confiáveis que na época, pois a eletrônica evoluiu grandemente nisso. Evoluiu-se os componentes eletrônicos, e involuiu-se na qualidade da gasolina e material elétrico (bobinas, platinados, velas, etc). A economia de combustível também virá, mas isso também depende muito daquele recursinho que o carro tem, e que fica entre o banco e o volante.
A Ignição Assistida é efetivamente eletrônica, de estado sólido, ou Solid State, que soa mais antigo, como eram chamados os rádios e vitrolas da época que possuíam transístores ao invés de válvulas. Pode parecer coisa obsoleta, mas o circuito dela é muito atual. O que ficou obsoleto foi o platinado, que deixou de ser usado nos carros mais novos. O nome Ignição Assistida e não Ignição Eletrônica, é somente porque ela não possui todos os componentes eletrônicos, tendo somente um componente mecânico que é o próprio platinado. Mas acho que Ignição Eletrônica com Platinado um bom nome também. Com esse módulo temos todas as vantagens de uma ignição eletrônica pura, aquelas que usam sensor sem contato como a de sensor Hall, magneto, sensores óticos, bobina impulsora, aquelas que usam a "aranha" no distribuidor. Soma-se as vantagens do platinado. Com o platinado temos partidas instantâneas, tipo "bateu, pegou", ou o famoso "pega que nem ....". Ah! Quem mexe com carro sabe do que tô falando. Com o distribuidor de "aranha" isso não acontece, pois temos que dar um pouco de rotação nele, para que mande o sinal ao módulo, e este comece a comutar a bobina, gerando a centelha. Além disso, podemos facilmente controlar o "Tempo Dwell" com o platinado. Essa variável, que é o tempo de carga da bobina, pode ser alterada somente mudando a abertura do platinado. Menor abertura, maior o tempo Dwell, e vice-versa. Quanto maior o tempo Dwell, maior a energia acumulada na bobina, melhor a centela como consequência. Somente abrindo um parêntesis, normalmente a indicação das fábricas para a abertura do platinado era algo próximo à 0,50 mm. Experimente instalar um módulo assistido, e alterar a abertura do platinado para 0,10 mm. Irá assustar com o que o seu motor dará à mais, sem muito fazer nele. Mas depois volte. Nunca é necessário tempo de carga da bobina maior que o que dá uma abertura de 0,30mm no mínimo. Eu uso 0,35/0,40mm, independente do carro. A carga na bobina será maior, mas nem tanto. Isso dá durabilidade à ela.
A maior vantagem da ignição assistida é que não precisamos trocar absolutamente nada que é original no carro, como o distribuidor ou mesmo a bobina. Nos meus módulos até coloquei uma chave para reverter a ignição para o sistema original, com platinado puro. Essa chave fica no próprio módulo, e manobro ela até com o carro andando, instantaneamente, comutando entre o sistema eletrônico e o sistema original de ignição. Mas ela também tem todas outras vantagens, como uma centelha melhor, que vai proporcionar uma melhor queima do combustível, que vai ser melhor aproveitado, resultando em mais economia e melhor desempenho.
Para motores que saíram com a Ignição Eletrônica de fábrica com sensor Hall ou bobina impulsora, a chamada aranha, é muito fácil a adaptação de um sistema eletrônico, pois é só trocar o distribuidor. Já para motores como os Willys BF 161 e BF 184, que somente saíram com platinado, a coisa complica. É uma adaptação mais difícil e gambiarrada, pois você deve lembrar que o distribuidor do BF roda é anti-horário, ao contrario da grande maioria. Usa-se o distribuidor dos GM 6 cilindros, com um "miolo" de Monza, e o eixo do distribuidor original do BF é cortado e soldado nessa engenharia toda. Muitas vezes não é um serviço bem feito, e já vi distribuidor "rebolando" por causa do empeno do eixo, ocasionado por uma soldagem mal feita. E o que ví dos "kits" vendidos, são compostos desse "distribuidor" todo adaptado, normalmente um módulo recondicionado, e uma bobina de "alta potência", mas de baixa qualidade. Enfim: Uma salada danada, que até funciona, mas não é isso que quero para meus carros.
Mas eu prefiro o distribuidor original, que dá a curva de avanço do distribuidor certinha, que nem foi projetada na fábrica para o motor, e ainda fico com o platinado, que é um charme danado e muito gostoso de se mexer. Além do mais, continuo preferindo sempre a originalidade em um carro. Sem contar que nos testes que fiz, a Ignição Assistida me forneceu uma centelha superior que o da Ignição Eletrônica pura, dados confirmados por um amigo, que montou o módulo dele, sobre um circuito que eu lhe mandei. Esse amigo é o Peixoto de Recife/PE, companheiro da bancada Ruralista, importador de Rural Corujinha de Minas Gerais. Pobre Rural... Retirada do convívio mineiro, e contrabandeada para Pernambuco. Mas voltando à ignição, o Peixoto simplesmente retirou o distribuidor de aranha que tinha comprado "adaptado", e voltou com o distribuidor original trabalhando com um módulo assistido. Isso lhe dá autoridade, pois tem a condição de ser a única pessoa que conheço que já teve dos dois sistemas eletrônicos no mesmo carro, e quase ao mesmo tempo. O de "aranha" que foi retirado, e o assistido que foi instalado. Seu relato foi : "...mais só para você num ficar sem noticia, ficou dez, a ignição assistida dá de dez na eletrônica, e ainda é possível chavear para ter os dois sistemas..."
Na verdade acredito que a Ignição Assistida só fica abaixo dos CDI (da sigla em inglês para : Ignição por descarga capacitiva). Só que o CDI é mais difícil de montar, e bem mais caro. Também se acha módulos prontos, e já vi alguns de altíssimo gabarito, mas novamente batemos com o custo. Acredito que dê para montar em um carro com platinado um CDI de motocicleta, que deve ter um custo menor que uma montagem ou compra do módulo. As CG 125 Titan da Honda saíram com o CDI, e acho que é comandado por sensor magnético ou sensor Hall. Não tenho muito conhecimento sobre ele. Com poucos recursos eletrônicos, o platinado poderia comandar o CDI tranqüilamente. Mas continuo preferindo a Ignição Assistida, que atende muito bem as necessidades, principalmente no regime de rotação que nossos carros trabalha, que não é tão alto assim. O CDI seria melhor indicado aos motores de alta performance, que não é o nosso caso, que temos é carros antigos. Além do mais, a Ignição Assistida é bem mais simples, e por isso, barata e confiável.
Eu já conhecia o sistema desde 1983, quando um amigo colocou no Fusca 1300 dele um módulo eletrônico para a ignição com platinado. Era um módulo Prematronic, marca da VW, comprado em uma concessionária. Com a dificuldade hoje de se encontrar platinados de qualidade, resolvi comprar um módulo desses, pois sabia que com ele o platinado iria aumentar muito a sua vida útil, pois, o objetivo era melhorar a ignição e poupar os raros platinados de qualidade que ainda se encontram, gastando o mínimo possível. Até tentei comprar o módulo pronto, mas a tarefa é difícil, quase impossível, e a única possibilidade que encontrei era através da página da Rural Willys, onde o Alan vendia um módulo de Ignição Assistida. Esse módulo do Alan era idêntico, do mesmo fabricante do Prematronic da VW. Mas o Alan parou de comercializar os módulos, e meu recurso foi estudar um pouco sobre isso, e fazer meu próprio módulo. Fiz na verdade quatro módulos: O primeiro em 03/2005 foi para o Edwaldo, meu Jeep, e outros dois para o meu Fuscão e para a minha Rural. Posteriormente fiz outro, para a Rural do meu compadre Pitt's. Me lembro quando estava montando o módulo dele, que a única condição que coloquei para fazê-lo, foi o Pitt's estar por perto quando fosse mexer com o módulo, só prá ele ver o trabalhão que dá... Mas é também um serviço muito divertido para um final de semana.
O circuito que usei foi retirado de revistas de eletrônica, que normalmente não funcionam corretamente, pois quase sempre tem uma errata em uma edição posterior, o que normalmente não é visto, ou no meu caso, eu não tinha acesso. Eram revistas da década de 60, 70 e 80. Adaptei os componentes para os que são encontrados hoje, pois alguns listados não existem mais, e juntei todas as vantagens dos circuitos que eu tinha em um só, colocando inclusive dispositivos eletrônicos que compensam a flutuação e repique do platinado. Ficaram excelentes os módulos, mas estranhamente os motores de seis cilindros da Faustina e do Edwaldo davam algum problema de aquecimento na bobina, e os de quatro cilindros do Fuscão e da Rural do meu compadre não apresentavam absolutamente nada. Continuei estudando o assunto, e foi quando fiquei conhecendo os circuitos desenvolvidos pelo Fabrinic, o Fabrício Calazans de Vila Velha/ES, que são muito simples, e utilizam todos os componentes muito atuais. Acabei ficando amigo do Fabrício, e temos mais em comum que a paixão por carros, apesar dele não ter Jeep, mas sim um Buggy. Ter Buggy é também uma vontade minha antiga que acho que não vou concretizar. Não temos mar em Minas, e carro que não fecha já basta o Edwaldo. Será? Em uma das conversas com o Fabrício, ele resolveu o problema do aquecimento das bobinas dos 6 cilindros, dizendo: ...para o circuito desta ignição funcionar, seja com 4, 6 ou 8 cilindros, precisa obrigatoriamente ser desligado o condensador do platinado e se quiser voltar à forma normal, pode ser feito a religação dele...". Não é que o danado do circuito que usei como base para o meu, retirado da tal revista, dava o capacitor (condensador) do platinado justamente ligado, como era original no carro ? Fiz o que ele recomendou e deu certo. Só não entendi até hoje o porque de não ter dado problema algum com os carros de 4 cilindros !... Mas desliguei os condensadores dos 4 cilindros também. Arrumei uma solução para a reversão do sistema para o convencional com platinado puro, ligando o condensador na chave de reversão do meu módulo, e mandei ao Fabrício, tentando retribuir a ajuda. Nessa altura já tinha gostado muito dos circuitos do Fabrício, pela grande simplicidade, confiabilidade, praticidade, custo e eficiência. Tanto que o circuito que passei para o Peixoto montar foram os dois últimos que o Fabrício projetou, e o Peixoto preferiu a última versão. Não quis passar meu circuito, pois ainda achava que ele tinha algum problema que fazia a bobina esquentar, o que não era verdade.
É
importante lembrar que na instalação de um Módulo de Ignição Assistida
tudo fica original. E deve ficar:
- As bobinas a serem usadas deverão ser as indicadas para platinado, e
de boa marca: Bosch "E" ou Bosch "K". Eu uso as Bosch "K" nos carros
com o módulo, com exceção do Fuscão, que usa a bobina original de
fábrica Bosch "E", já com 36 anos de uso. Uma bobina Bosch "KW" até
poderia ser usada. Ela é indicada para ignições eletrônicas com
"aranha", mas tem impedância mais baixa, o que vai aumentar a corrente
no primário e judiar mais do transístor de potência, que é o coração do
módulo. Além do mais, acho muito desnecessário, pois as Bosch "K" ou
"E" dão uma centelha prá lá de boa demais da conta... Não se esqueça,
também, que existe a intenção de fazer o circuito ser reversível para
platinado puro, o que não seria possível com uma bobina "KW".
- O platinado deve ficar na abertura indicada pela fábrica, pois é essa
abertura quem dá o tempo correto de carga da bobina, que é o tempo que
o platinado está fechado. Com uma abertura menor o tempo de carga da
bobina vai ser maior. Com esse tempo maior, a bobina vai esquentar
mais, podendo até ir prô beleléu, rompendo o isolamento. A abertura
maior do platinado resultará em pouco tempo de carga da bobina, e
conseqüentemente a centelha será mais pobre. O correto é a indicação do
fabricante, que até onde conheço, só achei algo em torno dos 0,5 mm
mesmo (Para os motores Willys BF 161 e BF 184, a fábrica indicava
0,020", o que dá 0,51 mm). Se o motor estiver rateando em alta com a
abertura especificada pela fábrica, o problema é de folga no eixo do
distribuidor, e a solução não vai ser fechar o platinado. Claro que
estou considerando que todo o restante do arranjo do motor esteja 100%.
O distribuidor deve então, ser embuchado ou trocado, neste caso. Para
os distribuidores dos motores Willys BF, seja ele Wapsa ou Bosch, é
melhor embuchar, pois não vai ser fácil achar outro novo.
Só abusei um pouquinho na aberturas das velas. Uma abertura de vela maior é desejável, para melhoria da qualidade da centelha. Já tive notícias de aberturas até 1,2 mm, o que até funciona bem com um sistema desses. Mas abertura demais é perigoso, pode não se formar a centelha em alta rotação, o que vai gastar mais combustível, carbonizar motor, e até queimar velas. Mas isso atrapalha a reversibilidade para o sistema original com platinado puro. Então regulei os eletrodos das velas com 0,85 mm (O indicado para os BF's é de 0,030" o que dá 0,76 mm).
Vale lembrar que a corrente no platinado vai reduzir de algo em torno de 4 A para uns 0,15 A com o Módulo Assistido. Isso é que vai fazer ele não desgastar os contatos. Teoricamente essa corrente mesmo baixa vai ter um efeito de "limpeza" no platinado. Mas pode ocorrer dele oxidar após algum tempo de uso da Ignição Assistida, formando um óxido esbranquiçado, que é isolante e vai atrapalhar no funcionamento do motor. O platinado oxida justamente porque a corrente é baixa, pois quando comutava diretamente a bobina com a corrente mais alta, ele simplesmente desgastava de forma destrutiva os contados, num dando nem tempo de formar qualquer óxido. Uma simples limpeza no platinado, com um papel, papel higiênico, podendo ou não ser usado thinner, benzina, limpa contatos, vai resolver. Até uma lixa 1.200 velha pode ser usada, e acho o uso dela até melhor, pois limpa bem o óxido e não vai estragar em nada os contatos. E nem precisa tirar o platinado do lugar, é só limpar mesmo. Para os motores Willys, fazer a a limpeza do platinado três vezes ao ano está bom. Não que o platinado vai precisar desse cuidado todo. É somente para aproveitar a hora que você vai colocar aquelas três gotinhas de óleo no eixo do distribuidor, naquele feltrinho embaixo do rotor, ou já tinha esquecido disso? Se bem que instalei o módulo do Jeep em 05/2005, o do meu Fuscão em 08/2005, e o da Faustina já começou rodar com ela após a reforma em 10/2006. Prá ser sincero nem lembro que tem platinado dentro dos distribuidores. Garanto que meu 'cumpadre' Pitinho também não lembra disso.
Muito de vez em quando, deixava o motor funcionar com o sistema original, com platinado puro, usando a chave de reversão do módulo. Fazia isso por um curto período, menor que um minuto. Isso pode dar uma limpeza no óxido do platinado também, se por ventura ele estivesse lá. Só que fazia isso normalmente quando estava aquecendo o motor. Aquela aquecida rápida, de uns dois minutos antes de sair, pois mais que isso é jogar gasolina fora, e é preferível sair rodando na maciota para o motor ir aquecendo. Normalmente nessa hora o motor está de marcha lenta, e quando virava para o platinado puro ele morria. É que a lenta foi regulada com a Ignição Assistida funcionando, e com o platinado e a centelha mais "pobre" o motor apagava. Regulo marcha lenta com rotação mais baixa, e com o motor frio e a pulverização deficiente no carburador pela baixa rotação não forma uma boa mistura. Mas a Ignição Assistida conseguia queimar, mesmo nessa condição. Isso também valoriza a Ignição Assistida, provando que com ela o motor dá mais potência, mesmo de marcha lenta.
A minha insistência para montar a chave de reversão do sistema eletrônico para o tradicional tinha seus motivos. Essa chave permite comparar os dois sistemas, mas também dá alguma segurança às falhas do circuito, o que é difícil de acontecer. O problema é que não conseguimos comprar componentes eletrônicos com a mesma qualidade que uma grande indústria consumidora. Os componentes comprados em lojas são mais propensos à um defeito. O módulo da Faustina queimou o transístor de potência com pouquíssimo uso. Queimou mesmo, queimou feio, apesar de ser fabricado por empresa idônea e de renome, mas para esse componente específico existem muitas falsificações. Só não tive problema algum com esse defeito, pois, com o carro ainda andando, reverti para platinado puro, tendo condição de chegar onde fosse. O custo de troca também foi baixo, sendo que essa peça, que é a principal do módulo, me custou o mesmo tanto que uma passagem de ônibus urbano. Mas a principal função da reversibilidade do sistema não é a garantia do módulo, que é a novidade que está entrando em funcionamento no carro, mas o próprio motor do jeito que é. Eu explico, e é melhor com exemplo. Meu Fuscão começou com umas rateadas no motor. Deu para perceber que era alguma coisa cortando na baixa tensão, justamente onde está trabalhando o Módulo Eletrônico de Ignição Assistida. Reverti para a o sistema original e a rateada continuou. Conclusão: Não é o módulo ! Fosse um módulo sem reversão, e o carro levado a um mecânico, a primeira coisa que ele faria seria tirar tudo. Normalmente um mecânico não sabe como o módulo funciona, e às vezes nem ligar aquilo direito sabe, ia falar que isso é uma bobagem, que não precisa e que não faz diferença. Foi isso que condenou o sistema de Ignição Assistida desde o início, e fez que ele não fosse muito difundido por aqui. Imaginem na década de 60/70, uma caixinha cheia de pecinhas que dão até choque. Era mesmo bicho de sete cabeças. Mas a chavinha continua valendo, por isso insisti em incorporá-la aos meus módulos, e em casos como essas rateadas do Fuscão ajudam muito. Só para completar e não deixar o assunto no ar ! Esse problema do Fuscão era na bobina, com 37 anos e 307.800 Km de uso, naquela data. Ela não estava ruim, era somente o terminal do positivo que bambeou. Os terminais de bobinas originais VW, fabricadas pela Bosch como essa do Fuscão, são cravados e não apertados com porca. Uma soldinha branca resolveu o problema.
Ah ! Ia me esquecendo. Quando instalei o módulo da Rural do Peterson, meu compadre, fizemos o famoso teste da Sonda Lâmbda: "Coloca-se o carro de marcha lenta funcionando com a Ignição Assistida, e dá uma cheiradinha na descarga com o narigão. Depois passa para o platinado puro, espera-se uns 15 segundos, e dá outra cheiradinha. O teste da Sonda Lâmbda prova facilmente que com o platinado puro a queima do combustível é mais incompleta, pois dá prá cair de costas com aquele cheiro desgraçado de ruim. Com a Ignição Assistida, o cheiro da descarga é muito menor, com mais vapor d'água, que mostra a queima mais completa. Também disse a ele para fazer outro teste: "Vai rodando com a Rural no modo eletrônico. Depois de um bom tempo, vire a chave e reverta para o platinado puro. Vai morrer de raiva, pois parece que o carro empacou!" E ele fez o teste, e morreu de raiva.
Seguem essas ilustrações, que mostram o uso da Ignição Assistida, bem como os circuitos do Fabrício, a quem agradeço por compartilhar com todos o seu trabalho. Aliás os circuitos do Fabrício não terminam com a Ignição Assistida. Ele inventa coisas dignas de carro de 007. Sempre fico rindo sozinho, quando lembro de uma fuzaca que ele inventou e instalou no Buggy dele. Mas deixa isso prá lá!...
Abraço à todos,
19/05/2007
Walter Júnior - B. Hte. -
Em 12/2008 fiz um módulo para a Variant Azul Calcinha (Azul Caiçara VW 73) do Compadre Pitinho. O correto agora é Cumpadi Cumpadi Pitts, pois batizei o filho dele e ele batizou minha filha. Mas já tinha feito um outro módulo para a Rural dele, contado ai acima, e gostou tanto que deu nele vontade de instalar um na Variant também. Desta vez, a condição foi a de montarmos o circuito da Versão III do Fabrício, pois tem muito poucas peças e é mais fácil no geral, além de testar o serviço do Fabrício. Até escrevi para o Fabrício, comunicando o início da obra.
É o circuito que usa o IRGB14C40L, já comentado acima. Esse componente, o IRGB14C40L, foi comprado pela internet na Farnell http://www.farnellnewark.com.br/ , e acho difícil alguém superar a excelente forma que trabalham, apesar de altamente impessoal como toda compra na internet. Também foi a única peça além da caixa de montagem que foi comprada nova. O resto foi tudo aproveitamento, da sucata que eu já possuía. O dissipador foi destaque, pois saiu de uma placa mãe de computador, mais precisamente de um chip de vídeo.
**A Farnell não mais trabalha no Brasil. Mas hoje em dia o IRGB14C40L é mais facilmente encontrado, podendo até ser achado no Mercado Livre.
A centelha que obtive com esse circuito, é idêntica à do meu circuito, ao menos à olho nú. Mas a grande vantagem desse circuito do Fabrício, é a mínima quantidade de peças. A redução de gasto com as peças é pequena, pois são peças baratas, mas existe. Só que a montagem é grandemente facilitada, inclusive do dissipador, que nos meus circuitos usavam um transístor TO 3, que é um saquinho traçar, furar, montar o dissipador dele. De agora para frente, só monto esse circuito da Versão III do Fabrício.
Seguem as fotos:
A
traçagem do
circuito
A corrosão e limpeza da
placa
A sucata e o início da
montagem das peças na placa de circuito impresso.
Um bom observador verá que
o circuito logo abaixo, com as peças começando a serem soldadas, é
diferente
do que foi mostrado na
corrosão e limpeza, logo à cima. É que brilhantemente não espelhei a
imagem antes de
traçar a placa, e tive que
fazer outra placa por isso. Aproveitei e
modifiquei alguma coisinha no arranjo dela.
Ah ! Jeep e burro por onde
passa deixa a marca, e sempre rabisco o nome nas minhas placas.
O
circuito pronto, em um
teste no meu Fuscão, antes da montagem na Variant. Estavam todas as
ligações na gambiarra, e isso mais
parece um ninho de Guaxo.
Só que dessa forma, com o circuito pelado, pode-se rodar o tanto que
quizer. Só não fica bonito e nem é papel que se
faça. Mas para teste é
válido, e rodei uns 4 dias assim. O funcionamento desse circuito é
ótimo, e a centelha é idêntica à do módulo do Fuscão.
O detalhe do dissipador de
chip de vídeo. Ele tem mais eficiência que um dissipador próprio para
encapsulamento TO 220AB, além de ter sido aproveitado. Gosto muito
quando se aproveita uma sucata.
Tive que fazer um reforço
nele para melhorar a resistência e não deixar todo peso nas perninhas
do transístor.
O circuito montado na caixa
Não achei caixa mais
adequada, e usei uma idêntica à dos outros módulos.
O circuito é bem pequeno, e
mesmo sem muita redução, sobrou muito espaço vazio na caixa de montagem.
A montagem na Variant Azul
Calcinha do Pitinho
Escolhi instalar o módulo embaixo do
banco traseiro. Sempre prefiro colocar os módulos dentro do carro.
Ah ! Os óculos é de Grau de Véio. Aquele tipo de óculos que amenizam o
nome, chamando de óculos
para descanso, de leitura, para perto. Óculos para vista cansada, já
viu isso ?
Mas a verdade é que beirando os 40, normalmente aparece a necessidade
deles, por isso chamo é de "Grau de Véio".
Tô usando isso desde o tempo que estava terminando a montagem da
Faustina, e, debaixo dela, não conseguia enxergar mais nada direito...
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