Limpador à Vácuo - Reservatório



Tô Bão !

Certa vez, achei uma conversa na intenet sobre o limpador à vácuo do Jeep. Me pareceu uma conversa de quem não conhecia bem o sistema, mas queria conhecer. Só que no final, ficaram sem saber como funciona o motorzinho à vácuo. A conversa é a que se segue, transcrita com exatidão. Apenas troquei os nomes das pessoas, pois não é minha intenção nem criticar, nem expor ninguém:

Amigo 1: Será q algum amigo solidário poderia esclarecer uma duvida? como funciona o tal lipador de vidro a vacuo q de vez em quando aparece alguem perguntado sobre o bendito ai no forum... ???
Amigo 2: Grande Amigo 1! Meu Jeep veio com isso... É um limpador que funciona com o vácuo do motor, como o servo-freio. Só que vc precisa tirar o pé do acelerador para ele funcionar...
Amigo 3: Opa... Ou, a melhor coisa que vc pode fazer com o limpador a vácuo e tampar a saida de ar dele e depois intalar um elétrico, acho que o motor do limpador traseiro do gol serve direitinho. Tenho no meu mas não sei qual é. Quando há vazamentos na saida do vácuo vc passa muita raiva, e até descobrir que era este vazamento... vc quase morre... [ ]'s de limpadores elétricos
Amigo 1: Salve grande doutor dos Jeeps Amigo 2....Realmente esse limpador deve ser um grande mico, mó furada.. o meu era o eleétrico original e já enchia o saco, graças q agora uso o do uno, sem comentários...[ ]´s enxugados a todos.. valew

O motorzinho à vácuo do Jeep, da Rural, ou de qualquer outro carro antigo, funciona com vácuo retirado do coletor de admissão. A grande maioria dos carros fabricados antes da década de 60 do século XX, tinha mesmo era o motorzinho à vácuo. E de fábrica! Então porque criticar o coitadinho, uma vez que ele é uma das características de um tanto de carro antigo ? No Jeep ele é um barato. O esquerdo, do motorista, pois o direito é digital. Isso mesmo, digital, você funciona direito com os dedos, balangando prá lá e prá cá o limpadorzinho manual. Do direito gosto demais, num estraga nunca, mas num dá prá dirigir e balangar o limpador o tempo todo. É um carro mesmo diferente o Jeep, singelo e robusto, feito prá guerra, e que achou no serviço pesado sua maior vocação. Mas, pode acreditar, eu sempre torço para chover quando estamos no meio do mato com o Edwaldo, pois desde a forma de ligar o motorzinho, girando a alavanquinha e abrindo o vácuo, até o barulhinho que ele faz, tira a gente da rotina, nos levando para outros pensamentos, longe do dia-a-dia. Num é essa a razão da gente ter um Jeep nos dias de hoje ? Ninguém precisa dele para viver, para trabalhar, salvo raríssimas excessões. Só para divertir. Então, se quiser um motor elétrico, pense bem, num é um Jeep que você quer ter. É na verdade um carro mais novo, que já tem limpador de pára-brisa elétrico, de duas velocidades, temporizado e que até liga sozinho através de um sensor de chuva.

O vácuo é realmente retirado do mesmo local onde é retirado o vácuo do servo-freio, mas o fato de ter que tirar o pé do acelerador para o limpador funcionar não é completamente correto. Estando o motorzinho a vácuo em bom estado, sem vazamentos internos, a tubulação toda certinha,que é curtinha e sem segredos, o limpador vai até parar, mas muito raramente. O que ocorre é que quando você tem que acelerar mais fundo e aumenta muito a abertura da borboleta do carburador, a mistura entra com maior facilidade para o motor, através do coletor de admissão. Então o vácuo no coletor cai tanto que o motorzinho pode acabar parando, sufocado por falta de ar. Num seria melhor dizer, sufocado por excesso de ar ?!... Isso não ocorre sempre, mas somente em aceleradas mais críticas mesmo, como em pontos mais difíceis numa travessia de serra, por exemplo. Naquela época, para alguns isso era um incomodo, principalmente para os que tinham carros com o motorzinho à vácuo e mais rápidos que um Jeep. Existia, para eliminar essa ocorrência, uma bomba de gasolina com a bomba de vácuo acoplada, mas essa opção foi empregada mesmo nos carros mais luxuosos, ou pelos donos mais zelosos. Uma bomba dessas me foi oferecida pelo Expedito, há um bom tempo, mas não animei em comprar para reformá-la, pela falta de peças e reparo de uma bomba dessas. Se bem que fazer as peças não é impossível, e até divertido. Mas conseguimos comprar uma bomba de gasolina com a de vácuo acoplada nos dias de hoje. Já vi delas em páginas de venda pela internet, onde achamos de tudo, mas vi somente usadas. Uma nova é fácil de se achar nos Estados Unidos, já fabricada usando materiais para os combustíveis atuais. Acredito que usam Viton no lugar da borracha nitrílica, solução que usei fabricando o reparo das minhas bombas de gasolina. Se for, confirma que minha solução para o reparo das bombas de gasolina não é exclusividade. Vi uma para o Willys F4-134 por USD$ 100,00, sem frete e imposto. Essa serve perfeitamente no motor Willys F6-161, e conseqüentemente no brasileiro BF 161, diferindo somente na montagem no motor, que é feita de cabeça para baixo. Ponta-cabeça num tanto de lugar do Brasil, né isso mesmo ?

Outras soluções criativas também foram dadas pelo pessoal que usava o Jeep por necessidade. Uma dessas soluções, usadas pelos antigos, me foi contada pelo ruralista, pissuidor de carros antigos, entendedor e apreciador da boa mecânica, Sílvio Romero . O Sílvio, fluminense de Niterói, papa-goiaba como ele mesmo me explicou em uma visita que me fez em 07/2009, me contou sobre essa solução. Falou de um reservatório de vácuo que colocavam na linha de vácuo do limpador do Jeep. "Com uma válvula de retenção, Sílvio?", perguntei tirando a dúvida na hora. "É !", disse ele, ficando essa conversa por isso mesmo. Por isso mesmo nada, pois o Sílvio tinha me ensinado uma que eu realmente iria colocar no Edwaldo. Ai o limpador, que para de vez em quando, não pararia mais. Ficaria com o Edwaldo "moderno", usando uma solução caipira, mas perderia a brincadeira de evitar que o limpador parasse, dosando o acelerador nos subidões. E foi essa dúvida que me atrasou na montagem. Só que, pensando bem, essa modificação é revertida só com uma simples emenda de uma mangueirinha, que de tão curtinha, é mais fácil trocar inteira.

Uma vez decidido em alterar a originalidade do Edwaldo, parti para procurar as peças a adaptar. Você não tem que tirar o pé do acelerador para o servo-freio funcionar, hora alguma, num é mesmo ? O servo-freio tem válvulas de retenção, e os carros VW possuem um filtro/reservatório no meio da linha até a cuíca, que poderia ser usado. Esse filtro é preenchido de carvão, para absorção de vapores de combustível. Comprei a peça usada, de Kombi, e também a válvula de retenção. A válvula usei uma de esfera, comprada em casa de conexões e mangueiras.

Vou dizer à mais somente o resultado. O limpador do Edwaldo, com o motor desligado em marcha-lenta, consegue fazer 3,5 ciclos, o que é mais que suficiente para o motor repor o vácuo do reservatório sem que o limpador pare. Perdi o brinquedo de evitar que o limpador pare, dosando o acelerador. Pode ser até que o limpador pare em algumas situações extremas e raras. Mas isso já é extremo e raro num é à toa.

Como explicação do feito, deixo esse tanto de retrato ai prá baixo. E pense bem: O limpador à vácuo original do Jeep não é um grande mico, mó furada, e sim um grande barato, mó legal. Diria até Xuxu Beleza, Bilu Teteia, Uma Uva, Tinindo de Rosca, Paz e Amor. Coisa de Cocota da Savassi, e não é coisa de Boco Moco Chegando da Europa, né mesmo ? Podes Crer, Amizade !

Abraço à todos,

22/12/2011

Walter Júnior - B. Hte. -
waltergjunior@waltergjunior.com





O motor à vácuo na Preciosa, a Rural 59 do Peixoto (Recife/PE)
Está vendo um módulo de Ignição Eletrônica na parede corta fogo, ao lado do motorzinho ?
É ! O Peixoto tirou isso tudo, montou um módulo de Ignição Assistida com o circuito que mandei prá ele, e voltou o
distribuidor com platinado para o lugar. Dá uma olhadinha em "Ignição Eletronica com Platinado", que vai ver essa história.



O motor à vácuo na Dorotéia, a Rural 62 do Ronald (São Paulo/SP)



Motor à vácuo em um Jeep militar.
Dá para ver a pontinha do eixo, onde tinha uma alavanquinha para ajudar o motor nos momentos de falta de ar....



Motores à vácuo dos Jeeps, oferecido na internet.
São Trico, americanos, e tem a alavanquinha de ajuda manual emergencial... Ajuda digital !




Olhem ai um montão de modelo de bomba de gasolina com bomba de vácuo incorporada. Isso era muito comum antigamente.





Essas bombas ai embaixo são para os Willys F4-134. Ainda encontramos novas, as mesma bombas de antigamente.


Essas ai embaixo estavam à venda na internet há uns anos. São as do motor Willys BF 161


O caminho do vácuo no Jeep. No Edwaldo é tudo original...
O início da linha é uma conexão no coletor de admissão, logo abaixo do carburador, e segue um caninho até na parede corta fogo.
Passa para uma mangueirinha, que entra no carro na arruela passa fio onde saem os cabos de afogador e de acelerador manual.
Dai vai por baixo do painel, onde vai ser adicionado o reservatório de vácuo, sai em outra arruela passa fio no painel,
e sobe em um caninho pelo quadro do vidro. Dai outro pedacinho de mangueira liga o tubinho no motor à vácuo do limpador.




Tive idéia de reservatórios maiores. Mas não ia ficar bom embaixo do painel do Jeep.
Esse barrilzinho ia ficar exagerado, mas o motorzinho à vácuo ia funcionar um tantão...



A peça VW que foi usada.
O filtro/reservatório da linha de vácuo do freio da Kombi. Outros modelos VW também tem isso.



Desmontando a peça para retirar o que não vai ser mais necessário.
Retirei tudo sobrando só o tubo. Saiu carvão, crivo, mola,...



As conexões: Duas espigas de 1/8"gás x 3/16" (mangueira), um niples e a válvula de retenção.



A esfera da válvula de retenção era plástica.
Troquei por outra de aço retirada de um rodízio velho.
Sempre lembro do ditado dos antigos : "Quem guarda o que não presta, tem o que precisa"



A eliminação de um biquinho no "reservatório" foi feito à fogo mesmo.
A remontagem foi com cola epoxi, e o reservatório já pronto para a instalação



A primeira fixação do reservatório. Foi ai que deu problema...
Como retirei o carvão deixando só o tubo, esse não agüentou o esforço mecânico do vácuo, e murchou.
Tinha que "calçar" ele por dentro, fazendo o que o carvão fazia, que é segurar o tubo por dentro. Adaptação é assim mesmo.



Gambiarra, né ? Tinha uma célula fotoelétrica velha, em cima da bancada.
Ela deu certinho dentro do tubo, parecendo que foi feita para isso. Ia segurar o tubo para não murchar mais.
Retirei tudo de dentro da fotoelétrica, usando só a carcaça. Os furos vão permitir o ar passar, e com muita folga.



O fio foi para montagem somente, e me permitiria puxar a carcaça da fotoelétrica, para um posicionamento melhor, caso necessário.


O reservatório novamente pronto, reforçado por dentro, e com as abraçadeiras para a fixação embaixo do painel



Como tive que tirar o reservatório para reforçar, mudei a forma de fixação dele.
Ficou melhor assim, imperceptível, e me garantindo 3,5 ciclos do limpador sem repor o vácuo.
Essa quantidade de ciclos que ficam "guardados" no reservatório é suficiente para uns 10 segundos de funcionamento.
Esse tempo é mais que suficiente para o motor repor o vácuo no sistema, garantindo que o limpador não irá parar.
Olha lá o Bip-Bip de seta preso no chicote ! A explicação dele está também em Dicas, com o pomposo nome de :
"Indicador Sonoro de Acionamento do Sinalizador Direcional
".


Em março de 2014 ganhei um outro reservatório.
Ele estava com o carvão saturado, e foi retirado do Gol do Jairo, quando ele teve a necessidade de um novo.
A célula foto-elétrica defeituosa veio de Carapebus, e a trouxe de tão longe no intúito de
presentear algum amigo que se interessasse pela instalação do reservatório.
Fazer o que com isso tudo na mão ? Colocar um outro resevatório, dobrando a capacidade de reserva de vácuo. Nesse segundo
não precisei da válvula de retenção, só das espigas. Ele foi ligado entre o reservatório existente e o motor à vácuo do limpador,
e uma válvula de retenção dá conta do recado facilmente. No teste que fiz foram 8 ciclos do limpador após desligar o motor.
Isso me fez lembrar de um dito de Leonardo Da Vinci : "A simplicidade é o último grau da sofisticação !"